Escrevo aqui para não manchar meus lençóis. E crio expectativas, tenho ciúme e me decepciono. Quem nunca ficou assim que atire a primeira pedra, como dizem todos...
Visivelmente desmancho. Visivelmente entristeço. Sempre achando que engano, enganando, assim, somente a mim.
Logo fico arrependida. Inventando outras falas e gestos. Olhares de desdém e resmungos desinteressados. Ou piscadas significativas. E me esqueço dos rostos, sinto-me pequena e vazia com isso.
Tudo é motivo para o nada que realmente acontece. O que deveria notar passa despercebido. E aí, quero me socar, me estapear, me jogar nas paredes. Pensando, claro, nas frases de peso que me faltaram no fatídico momento.
O que escrevo é complicado ou talvez, mais verdadeiramente, tosco, porque escrevo em pedaços. Surgem as coisas com tamanha velocidade e fluidez que simplesmente vomito tudo, tudo.
Saudade do mar. Quero Cecília. Quero aquele movimento lento e feroz... letal. Quero a ressaca estúpida que lava os pecados e deixa tudo sem importância. Quero buscar minha respiração, minha vida somente e quero satisfação disso... felicidade. Preciso saber que sou feita também de instintos, animalizações [?]. Não só do racional, tão persistente e cruel.
Como me fariam bem alguns segundos [de fato] de Alberto Caeiro. Admiro profundamente os, quem sabe, ignorantes. Agora, daria bastante para sentir a grama sob o corpo, sem pensar na grama ou nas formigas ou nela(s)... sem pensar.
Tô andando sem rumo e sei disso. Ah, como incomoda essa sensação, crua noção da verdade.
Preciso mudar. Mas... as pessoas mudam?
[sabe o que é mais bacana? isso não é sobre ninguém em especial (ou é?); também não é sobre um tempo específico, passado ou futuro, se é que ele existe.. talvez não seja nem mesmo sobre mim.] Acho que vou começar a escrever ficção. =)
Há 5 anos