Hoje arrumei uma parte do meu armário. Revi meu material de Linguagem Arquitetônica, plantas recortadas e analisadas, minhas pesquisas a respeito de Arquitetura. Um sonho perdido, não tão antigo assim. Mais um sonho abandonado.
Folheei meus álbuns de formatura, os convites das colações. Fotos, pessoas, sorrisos, eus tão diferentes. A vida era outra. Nem melhor, nem pior (absolutamente), mas outra. Tenho saudade de uma aura de inocência que emana daquilo. Porém, lembro dos amores e da dor que causaram. E choro tanto. Choro uma tristeza opaca, amarela da natureza. O tipo de amarelo que não me incomoda.
Sento-me nas escadas da garagem, escrevendo o que está perdido. Escrevendo o medo de que os dias que virão serão cinzas e difíceis de discernir. Dias perdidos, eu sei.
As lágrimas bêbadas de sexta já não fazem sentido, sinceramente. Novamente me escondi para todos e, principalmente, para mim, como disse uma certa lagartixa. Dói insuportavelmente e o colocar pra fora é impossível. Talvez sempre o será.
Não entendo o motivo de ser tudo tão rápido, tão passageiro. Não entendo minha incapacidade de alimentar o que é bom, de desistir com tanta freqüência.
Curiosa a razão desse blog. Posso dizer aqui o que quer que seja, sem a terrível impressão de estar incomodando. Quem lê, lê porque quer. E lê sem que eu saiba, longe de mim. A vergonha não é tão paralisante.
Minha indiferença com o mundo reflete a indiferença comigo mesma. Nesse momento, esperança é uma emoção distante, de contos de fadas.
A possibilidade do amanhã me desespera. Essa incerteza é um ácido engolido lentamente, sem deixar impune uma única célula. Queria o surreal: voltar no tempo, no segundo do primeiro choro, da primeira leva de oxigênio nos pulmões. Mas sem perder as pessoas e lembranças que me fazem sorrir sozinha. Algumas pessoas, porém, teria que perder completamente, pois o que me fazia/faz bem nelas já não é suficiente. Ou talvez não possa ser simplesmente destacado dessa forma.
Sou uma águia, velha definição. Meus olhos apreendem o que tentam esconder com uma fúria infinita. Gostaria de ser cega, entende? Desejo aquela divina bolha, que isola tudo, inclusive meus pesadelos.
Aflição.
Aflição..
Aflição...
O segundo cigarro chega ao fim; tenho minhas mãos sujas e um frio desconfortável. Despeço-me mais uma vez.
Marina
Há 5 anos
2 comentários:
O que gostaria de fazer após ler isto não tenho como descrever, pois não conseguiria te passar o quão tão forte meu braço seria, ou como ficaria quieta ao seu lado para aconchegar uma amiga que só precisa se achar em si.
Não fui eu quem mudou o número de telefone, lembra?
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