sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ela tinha cigarros - graças a Deus - mas lhe faltava a chama. E foi andando por aquelas ruas semi-conhecidas, procurando um companheiro de vícios.
Entrou num café, queria uma água gelada. E viu, sentados harmoniosamente, rindo, pai e filha. Invejou a naturalidade com que se tratavam. O pai, fumante, faria sua felicidade:
- Com licença, você tem um isqueiro? - sorrindo, intrometida.
O velho sorriu de volta, pegando o aparato de metal da mesa. A garota fez menção de tomá-lo de sua mão, mas entendeu o costume antigo. Galanteador nos velhos tempos, ele quis acender seu cigarro. O vento atrapalha, claro. E a menina ri constrangida com o pai, olhando a estranha curiosamente. Interessada, possivelmente. Sucesso do pai e encanto da filha. Pensou ouvir um "broto", pensou perceber um toque sugestivo nos cachos. Simplesmente agradeceu sorrindo, piscando - pelo costume, pelo charme - e foi-se embora, no sol e na brisa.

Nenhum comentário: