quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Estação

Tudo é recorte, pedaço perdido. Sou incompleta, estou em frações.
E mais uma vez, perdida em mim, me desespero.
- Filha, está tão abatida.. - ela diz, aflita.
Estou entre o choro e a náusea, vendo faixas pretas, imagens sem alma. Desculpe, mamãe. Estou frágil como um cristal antigo e empoeirado. E opaca. Suja.
Exaustão. Sabe o que é isso? Exaustão daquela que incapacita mente e corpo, mas é vil e não te deixa repousar. E se você teima, tem pesadelos. O cansaço te prega peças. E você sonha estar caindo no infinito, pulmões comprimidos, ouvidos queimando. A cama parece te engolir e o coração já acorda disparado. O dia seguinte passa por você enquanto você olha assustado para todos os cantos, procurando o Murphy que vai te foder.
Então tudo se torna zunido, barulho dolorido, sinfonia de obra. O mundo gira, eu não posso acompanhar. Quero parar e filosofar, fazer piada-sem-graça no banco da pracinha. Sentir o cheiro do café e encarar a fumaça do cigarro, da boca, descobrir seus caminhos.
E não posso, ironicamente. É verão. Não posso, simplesmente. E não sei o motivo. Nunca soube.

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